Sequestro: Bope parou de negociar quando cabeça de menino ficou na mira da arma

Detalhes da negociação do sequestro de uma criança de 7 anos e de um jovem, de 23, foram repassados pela Polícia Militar (PM) na tarde desta quinta-feira (22). A operação terminou com Leandro Mendes, de 39, baleado por um sniper. O estado de saúde dele era grave até esta noite.

As negociações se estenderam por mais de 15 horas no bairro Parque São Pedro, na região Norte de Belo Horizonte. De acordo com o coronel Ricardo Geraldo de Oliveira Viana, do Comando de Policiamento Especializado (CPE), a primeira missão era salvar  todas as vidas, até mesmo do sequestrador.

Durante todo o período da operação, os policiais tentaram convencer Mendes a libertar as vítimas, no entanto ele não aceitava as condições apresentadas. Ele ficou o tempo todo acordado. Segundo Ricardo, logo no começo da noite, os policiais tiveram “oportunidades tranquilas” de efetuar o disparo, mas a equipe analisou que “não era o momento”.

Nas tratativas, Mendes “solicitava situações que comprometia a vida dos reféns e da ex-mulher. “O Batalhão de Operações Especiais (Bope) não atendeu as solicitações. A intenção dele era dar uma lição na ex. Falava isso o tempo todo: que queria dar uma lição nela”, disse o coronel do CPE.

A parte da manhã foi a mais delicada da operação, pois, segundo o militar, Mendes ficou mais “radical, exaltado e nervoso”. “Falou que daria um tempo para que o Bope fizesse as solicitações, que iria matar todo mundo, inclusive ele”. Em determinado momento, o sequestrador apareceu com a criança no colo. “Com a arma apontada na cabeça da criança”, relembrou.

Decisão

O acionamento do sniper se fez necessária diante das recusas e do agravamento da possibilidade acontecer homicídios e suicídio. “As alternativas táticas e negociações não eram suficientes. Daí, somente o tiro de comprometimento [tiro de sniper] seria eficaz. Depois do tiro dado, ele recebeu atendimento médico imediatamente”. 

A avaliação das autoridades policiais é de que a operação foi um sucesso, já que todos ficaram vivos. Ainda foi informado que a criança recebeu atendimento psicológico da PM.