O futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o atual titular do cargo, general Paulo Sérgio Nogueira, decidiram nesta segunda-feira (26) autorizar os comandantes do Exército e da Marinha a anteciparem a passagem do comando para antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na Marinha, a troca da chefia deve ocorrer na quarta-feira (28) ou quinta-feira (29). No Exército, a data prevista é sexta-feira (30). Somente na Aeronáutica a passagem deve ser oficializada no dia 2 de janeiro, depois que Lula já tiver assumido a Presdiência.
Na quinta, Paulo Sérgio ainda fará uma cerimônia de despedida do cargo no Salão Nobre do Ministério da Defesa, às 16h30, conforme convite enviado aos funcionários da pasta. O evento contará com a inauguração da foto oficial do general na galeria de retratos do órgão.
Segundo dois generais consultados pela Folha, as datas foram definidas após Múcio conversar com os futuros comandantes e baixar o clima de tensão entre os militares e o governo eleito.
Interlocutores do futuro ministro disseram ainda que Múcio tem dito que, apesar da passagem antecipada, as trocas não sinalizam uma ruptura ou insubordinação. Pelo contrário, segundo relatos, ele tem defendido que está tudo sob controle.
A passagem de comando antecipada, no entanto, foi inicialmente costurada pelos comandantes militares numa tentativa de não se submeter ao presidente eleito.
A postura dos oficiais-generais foi rebatida por integrantes dos Altos Comandos do Exército e da Marinha, durante reuniões.
Os comandantes das três Forças chegaram a sinalizar que aceitariam a decisão de aguardar a troca da chefia, para evitar ruídos de que o ato seria um sinal de insubordinação dos militares.
Generais ouvidos pela Folha afirmam, no entanto, que houve anuência por parte da equipe de transição de realizar a passagem de comando nas vésperas da posse, com as datas definidas pelo próprio Múcio.
O ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) foi escolhido para chefiar o Ministério da Defesa em meio às tensões envolvendo os militares e Lula, eleito em 30 de outubro.
Nesse contexto, a decisão de Múcio de indicar os oficiais-generais mais antigos de cada Força para o comando serviu como forma de acalmar os ânimos e sinalizar que o governo eleito não iria promover uma ruptura com os militares.
Múcio ainda levou os futuros comandantes Júlio César de Arruda (Exército), Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica) para conversar com Lula.
No encontro, o presidente eleito pediu aos militares um diagnóstico das Forças Armadas até meados de janeiro.