As confirmações de casos de Covid-19 aumentaram mais de 50 vezes em Juiz de Fora no último mês. O balanço, feito pela Tribuna a partir dos boletins epidemiológicos divulgados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), comparou os diagnósticos registrados na semana do dia 31 de outubro a 7 de novembro, quando houve apenas 12 confirmações em sete dias, e do dia 30 de novembro a 7 de dezembro, quando este número subiu para 603 casos.
O crescimento de casos de Covid-19 no município foi progressivo ao longo das semanas. Do dia 7 a 16 de novembro, foram 86 confirmações (neste caso, o período considerado foi de nove dias porque não houve divulgação do boletim epidemiológico no dia 14, sendo o do dia 16 o mais próximo). Já entre 16 e 23 de novembro, foram 188 diagnósticos. Na semana seguinte, de 23 a 30 de novembro, o número de casos cresceu mais ainda, saltando para 483 confirmações no intervalo de sete dias.
O último boletim divulgado pela PJF até o fechamento desta edição foi do dia 7 de dezembro. Desta forma, considerando o mês que antecedeu esta publicação (7 de novembro a 7 de dezembro), foram 1360 novas confirmações de Covid-19 no município. Em relação aos óbitos, Juiz de Fora registrou sete vítimas da doença no mesmo período.
Minas
Conforme dados de boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (12) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Minas teve 85.233 novos casos confirmados no intervalo de um mês. O número de óbitos no mesmo período foi de 164. Considerando a última semana, desde 5 de dezembro foram 30.973 diagnósticos da doença e 54 óbitos.
Novas variantes são responsáveis por aumento de casos
O crescimento no número de casos de Covid-19 está relacionado, principalmente, à circulação das novas variantes BA4 e BA5, originárias da Ômicron. Estas são ainda mais transmissíveis do que as cepas anteriores, de acordo com o infectologista e responsável pelo setor de vigilância em saúde do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodrigo Daniel de Souza. O aumento coincide, também, com o fato de as pessoas terem deixado de fazer o uso constante de máscaras.
Apesar do alto índice de infecção, não tem ocorrido aumento de casos graves. “Felizmente, essa cepa tem mostrado que, proporcionalmente, não há aumentos esperados de internações e óbitos no mesmo ritmo. Mas eles vão acontecer, então não é para a pessoa ficar tranquila”, alerta. “Se essa cepa tivesse a mesma gravidade e letalidade que as anteriores, nós já estaríamos passando por uma situação catastrófica, porque o número de casos é muito alto.”
Conforme o especialista, a taxa de positividade dessas variantes também está mais alta. Isso significa que, das notificações de casos suspeitos, uma grande parte é confirmada para Covid-19. “Neste mês, essa taxa está próxima de 50%. Nos meses nos quais ocorreu o pior cenário, como em julho do ano passado, essa taxa foi de 35%”, explica. “Começou a aumentar nas duas últimas semanas de novembro. Nós chegamos a ter 27% de positividade. Então, a cada quatro testes que chegaram, um era de Covid-19. Agora, a cada dois que chegam, um é Covid. A doença está realmente prevalecendo dentre as outras causas de infecções respiratórias.”
Além disso, como os casos são leves, com quadros de resfriados e sem febre alta, muitas pessoas não estão se testando, o que pode causar a subnotificação dos casos. Conforme o infectologista, sintomas mais graves têm afetado apenas pessoas em más condições de saúde ou que não tenham sido vacinadas contra a Covid-19.
Brasil recebe vacina contra novas cepas
Nos últimos dias, o Brasil começou a receber doses da vacina bivalente BA1, que protege contra a variante Ômicron original e a variante BA1. O primeiro lote chegou na última sexta (9), com 1,4 milhão de doses e, o segundo, no domingo (11), com 1,6 milhão de doses.
Ainda não há previsão para aplicação do novo imunizante. Conforme o Ministério da Saúde, uma nota técnica deverá ser publicada nos próximos dias, informando sobre o público-alvo, aplicação e distribuição das doses. Ainda de acordo com a pasta, em breve o país também contará com imunizantes contra as variantes BA4 e BA5.
De acordo com o infectologista Rodrigo Daniel de Souza, as primeiras vacinas contra a Covid-19 usaram como modelo o primeiro coronavírus que circulou. Duas vacinas bivalentes foram aprovadas pela Anvisa no Brasil, sendo que uma carrega, em sua fórmula, esse vírus original e a variante BA1, e a outra também o original, mas com as variantes BA4 e BA5. “As duas bivalentes são mais parecidas com o vírus que está circulando mais atualmente, já que ele sofreu muitas mutações. Quando começarmos a vacinar contra essas cepas, a proteção e a defesa para bloquear essa doença vai aumentar muito, dificultando que tenha grandes picos e aumentos do número de casos, a menos que apareça uma nova variante.”
Desta forma, conforme o infectologista, é fundamental que as novas vacinas sejam distribuídas rapidamente para impedir o aumento no número de casos em um grande ritmo e para evitar casos graves. Enquanto isso não ocorre, por não haver maiores pesquisas sobre aumento de doses das demais vacinas – como da quinta dose para idosos e para o público em geral -, no momento, a prioridade deve ser manter a imunização em dia. “Se a pessoa nunca se vacinou e está com o calendário vacinal atrasado, deve colocá-lo em dia com o número de doses que foi preconizado para cada um”, reforça.
Máscaras obrigatórias em serviços de saúde
Questionada sobre ações em relação ao aumento no número de casos de Covid-19 em Juiz de Fora, a PJF, por meio da Secretaria de Saúde (SS), informou que, como forma de combater o avanço da doença, retornou com a obrigatoriedade das máscaras nos Serviços de Saúde Públicos e Privados de Atenção Primária à Saúde, Atenção Secundária e Atenção Terciária, Instituições de Longa Permanência, Comunidades Terapêuticas e Serviços Residenciais Terapêuticos.
“Além disso, a PJF segue realizando a campanha de vacinação, de segunda a sexta-feira, em 20 Unidades Básicas de Saúde (UBS), no Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e do Adolescente (DSMGCA) e no Serviço de Saúde do Idoso (Sasi). Aos sábados, são aplicados os imunizantes no Centro de Vigilância em Saúde”, reforçou a nota.
Ainda conforme a PJF, as ampliações nos públicos-alvos da vacinação acontecem por meio de orientações e notas técnicas do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
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