Um promotor que investigava feminicídios no Equador foi assassinado por homens armados, nesta segunda-feira (19), em frente à sede do Ministério Público no porto de Guayaquil, informou a autoridade judiciária.
Édgar Escobar, que fazia parte de uma unidade encarregada de crimes de ódio e contra mulheres com base no gênero, foi “baleado esta manhã” do lado de fora do prédio onde trabalhava, anunciou o Ministério Público no Twitter.
De acordo com o organismo, dois dos supostos agressores já foram presos durante uma operação em uma favela de Guayaquil. Esta comunidade sofre uma onda de crimes ligados ao narcotráfico que também atingiu prisões com centenas de mortes em massacres.
“Na ação policial, foram apreendidas uma motocicleta e a arma, com a qual teriam disparado na vítima”, acrescentou o MP.
O assassinato de Escobar, o segundo promotor baleado em quatro meses, coincide com o escândalo do desaparecimento da advogada María Belén Bernal, de 34 anos, em uma delegacia de Quito.
Há uma semana, a mulher entrou na Escola Superior de Polícia (ESP) para visitar o marido, o tenente Germán Cáceres. Desde então, não há informações sobre seu paradeiro.
– Dois promotores e um juiz assassinados –
Diante das suspeitas do que pode ser um caso de feminicídio, o tenente prestou uma declaração judicial. Depois disso, foi considerado foragido. O governo destituiu Cáceres e removeu do cargo o chefe da Escola de Formação de Oficiais.
O Equador registra altas taxas de violência de gênero. Segundo o Ministério Público, pelo menos 573 mulheres foram assassinadas desde 2014 em casos classificados como feminicídios. E, segundo Geraldine Guerra, da Fundación Aldea, instituição que mapeia feminicídios no país, apenas em 2022 foram registrados 206 assassinatos de mulheres.
Em meio ao alarme pelas agressões a mulheres no Equador, o assassinato de Escobar também pode coloca em evidência a violência contra o poder judiciário. Desde maio, três funcionários foram assassinados: dois promotores e um juiz.
Após a morte de Escobar, a promotora de Guayas, Yanina Villagómez, pediu à polícia que redobre os sistemas de segurança, patrulhamento e a proteção a seus funcionários.
Em reunião com autoridades de Guayas para “buscar soluções para a insegurança”, Villagómez também pleiteou que os depoimentos dos presos “sejam tomados de forma virtual para garantir a segurança de servidores judiciais”, de acordo com a promotoria.
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