Depreciação foi maior do que o peso argentino – com inflação anual em quase 100% – e o rublo russo; risco-país encontra-se 15 pontos-base acima do registrado em janeiro do último ano
Durante a última semana, o real foi a moeda global que mais se desvalorizou em relação ao dólar. Em comparação à principal moeda dos Estados Unidos, o tombo foi de 2,13% – queda maior que a registrada na Argentina, com 1,19% de recuo do peso, e na Rússia, atualmente em guerra, com 0,9% de decréscimo. A performance é uma resposta às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por um possível aumento das metas inflacionárias em seu governo – em entrevista recente, o petista questionou a necessidade da independência do Banco Central e sugeriu um aumento de 3,5% para 4,5% como meta da inflação. O chefe do Executivo também sinalizou que as responsabilidades sociais e fiscais podem não ser dependentes – contrariando uma promessa de campanha – e o posicionamento reascendeu o temor do mercado na descompensação das contas públicas. Nesta sexta-feira, 20, a moeda norte-americana teve uma valorização de 0,72%, sendo cotada em R$ 5,21.
Segundo levantamento realizado pela Bloomberg, nos últimos cinco dias, as moedas da Colômbia, Malásia, Hungria, Romênia, Filipinas, República Tcheca, Chile, Indonésia, Tailândia, Coreia do Sul e Taiwan se valorizaram frente ao dólar, enquanto a Turquia, Polônia, Rússia, Hong Kong, México, Peru, Argentina, China, África do Sul e Brasil perderam valor no comparativo. Comumente utilizado para medir a confiança na economia, o risco-país – também chamado de Credit Default Swap (CDS) – de cinco anos, chegou aos 235 pontos. Há um ano, o risco-país era menor, com 220 pontos-base. No entanto, em relação ao investimento externo, o capital estrangeiro permaneceu no país e, até o dia 18 de janeiro, um total de R$ 178,5 bilhões foram investidos na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), enquanto R$ 172,4 bilhões deixaram o país, o que resultou num saldo positivo de R$ 6,1 bilhões em investimentos.