Num ano em que o “esquadrão brasileiro” vem com mais derrotas do que vitórias no octógono, o UFC 279 deu um sopro de esperança de virada do placar contra os estrangeiros. Os três lutadores brasileiros em ação no evento deste sábado em Las Vegas venceram suas lutas: Jaílton Malhadinho e Norma Dumont tiveram performances dominantes no card preliminar, e Johnny Walker brilhou com uma virada espetacular no card principal.
Johnny Walker comemora a vitória sobre Ion Cutelaba no UFC 279 — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
Johnny Walker dá a volta por cima com finalização
O peso-meio-pesado Johnny Walker vinha numa sequência incômoda de duas derrotas consecutivas, mas voltou a sorrir neste sábado. O brasileiro passou alguns apuros, mas mostrou eficiência na luta agarrada para virar a luta e finalizar o moldavo Ion Cutelaba, aos 4min37s do primeiro round, na abertura do card principal.
Cutelaba deu um susto logo no início, com um chute alto de esquerda. Johnny respondeu com o mesmo golpe, e o moldavo aproveitou para catar a perna e derrubar. Por baixo, o brasileiro jogou algumas cotoveladas e conseguiu se defender bem dentro da guarda. Ele escapou por baixo das pernas numa tentativa de passagem de guarda, quase deixou o braço, mas livrou, derrubou o adversário e ainda pegou as costas, onde ameaçou finalizar no crossface.
Cutelaba escapou, mas Walker seguiu nas costas e logo estava sendo apoiado pela torcida local. No minuto final, o brasileiro viu a abertura que precisava para passar o antebraço por baixo do pescoço e finalizou no mata-leão. Feliz da vida, comemorou com a “dança da minhoca” como em sua melhor fase.
Johnny Walker faz força para finalizar Ion Cutelaba no card principal do UFC 279 — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
– Dana! Vou me casar em 1º de dezembro, preciso do bônus, meu amigo! Estou melhorando. Eu não só nocauteio os caras, quero mostrar que posso finalizá-los no chão também. Trabalhei demais – disse Johnny Walker após a luta.
Jaílton Malhadinho atropela estreante sueco
O baiano Jaílton Malhadinho mostrou novamente por que é considerado uma das grandes esperanças do “esquadrão brasileiro” no UFC atualmente. Lutando em peso-casado de 100kg, Malhadinho não tomou conhecimento do estreante Anton Turkalj e finalizou em 4min25s no primeiro round. É sua terceira vitória consecutiva no Ultimate e a 12ª no geral.
Jailton Malhadinho (por cima) fecha o mata-leão e finaliza Anton Turkalj no UFC 279 — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
Malhadinho não demorou a entrar nas pernas de Turkalj: deu um chute nas pernas, esquivou a resposta e derrubou. O sueco tentou levantar, mas foi rapidamente recolocado no solo pelo baiano. O brasileiro não parou de pressionar, buscando passagens de guarda e sempre golpeando. Com cerca de quatro minutos de luta, Malhadinho passou à montada. Ele desferiu cotoveladas e marretadas que abriram caminho para o mata-leão, e Turkalj logo deu os tapinhas de desistência.
Empolgado pela luta rápida, Malhadinho pediu para enfrentar o russo Shamil Abdurakhimov, seu adversário original no UFC 279 que teve problemas com o visto de entrada nos EUA, no Oriente Médio.
– Alô Mick (Maynard, matchmaker do UFC), alô Shamil, se tiver uma vaguinha, eu quero lutar em Abu Dhabi! Eu quero lutar no peso-pesado.
Norma domina boxeadora e manda recado para pesos-penas
Norma Dumont (esq.) tem o braço erguido pela vitória sobre Danyelle Wolf (dir.) no UFC 279 — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
A brasileira Norma Dumont deu show no card preliminar. Mesmo enfrentando uma pugilista de origem, foi melhor tanto no boxe quanto na luta agarrada, e venceu Danyelle Wolf por decisão unânime (30-27, 30-27, 30-26). O primeiro round foi de mais estudo, mas a “Imortal” já mostrou seu cartão de visitas com um direto de direita que desequilibrou a boxeadora ex-seleção olímpica dos EUA. No segundo assalto, porém, foi quando a brasileira mostrou todo o poder de sua mão, com dois knockdowns.
Wolf foi com muita sede para cima de Norma no início do terceiro e último round, e a brasileira aproveitou para derrubar a americana. No chão, Dumont passou a guarda com facilidade e amassou a adversária até o final.
Norma Dumont (dir.) golpeia Danyelle Wolf (esq.) no solo — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
– Ela é uma boxer muito boa, mas eu também sou uma striker de alto nível, tenho 30 lutas de sandá (arte marcial chinesa). A trocação dela é boa, mas a minha é muito melhor. Eu queria testar, eu também gosto de brigar, então foi bem divertido. Minha mão é muito mais pesada que de uma boxeadora, fiquem sabendo disso. Mas quando eu vi as brechas para levar pro chão, levei ela pra nadar nas águas que ela não conhece, do jiu-jítsu – disse Norma após a luta. Ela aproveitou também para enviar uma mensagem para a argentina Ailin Perez, derrotada no último sábado.
– Quero dar um recado pras meninas que estão dizendo que não tem adversárias no 145 (peso-pena): eu não recebi um convite e já deixo claro que estou aqui, disponível pra lutar de três em três meses. Para de falar que a divisão não tem ninguém, mas tem uma! Eu estou aqui. Eu ia chamar a Perez pra lutar hoje, porque ela está falando muita m*** no Twitter, mas depois da performance medíocre dela na semana passada, nem sei se isso me interessa. Mas se o Mick (Maynard, matchmaker do UFC) quiser me dar esse presente em janeiro no Rio, eu aceito.
Virada épica no card preliminar
Chris Barnett (por cima) desfere golpes em Jake Collier (por baixo) na sequência que finalizou a luta — Foto: Chris Unger/Zuffa LLC
A quinta luta do evento, entre os pesos-pesados Chris Barnett e Jake Collier, foi a primeira a levantar de fato o público. Collier foi para cima do oponente desde o início e conseguiu um knockdown com uma sequência de cruzados e cotovelada. Com menos de dois minutos, Barnett já tinha o olho esquerdo fechado e um corte na região. Mas ele contragolpeou com perigo, e Collier optou por derrubar o adversário. Ele passou às costas e parecia que obteria o nocaute técnico ou finalização, mas Barnett ainda se recuperou e se levantou antes do fim do primeiro round.
A trocação franca continuou no segundo assalto, e Barnett acertou algumas bombas que machucaram o adversário. Collier tentou derrubar, mas Barnett defendeu, montou sobre o oponente e desceu as marretadas na cabeça até o árbitro encerrar a luta, aos 2min24s do segundo round, para delírio da plateia.
UFC 279
10 de setembro de 2022, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-médio: Nate Diaz x Tony Ferguson
Peso-casado até 81,6kg: Khamzat Chimaev x Kevin Holland
Peso-casado até 81,6kg: Li Jingliang x Daniel Rodriguez
Irene Aldana venceu Macy Chiasson por nocaute técnico aos 2min21s do R3
Johnny Walker venceu Ion Cutelaba por finalização aos 4min37s do R1
CARD PRELIMINAR
Julian Erosa venceu Hakeem Dawodu por decisão unânime (triplo 30-27)
Jaílton Malhadinho venceu Anton Turkalj por finalização aos 4min27s do R1
Denis Tiuliulin venceu Jamie Pickett por nocaute técnico aos 4min52s do R2
Chris Barnett venceu Jake Collier por nocaute técnico aos 2min24s do R2
Norma Dumont venceu Danyelle Wolf por decisão unânime (30-27, 30-27, 30-26)
Heili Alateng venceu Chad Anheliger por decisão unânime (triplo 30-27)
Elise Reed venceu Melissa Martinez por decisão unânime (triplo 29-28)
Yohann Lainesse venceu Darian Weeks por decisão dividida (29-28, 28-29, 29-28)