O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, fez este anúncio em declarações à estação norte-americana CNN, embora não tenha adiantado mais detalhes sobre os efeitos práticos deste diálogo no futuro.
“Esta reunião de especialistas ocorreu. Não posso divulgar detalhes, mas posso garantir que o lado ucraniano continua a tomar as medidas mais decisivas para impedir que a Rússia use armas iranianas na guerra contra a Ucrânia”, salientou.
Nikolenko referiu que a Ucrânia informou o Irão que as consequências de participar no conflito pelo lado russo seriam “desproporcionais” aos benefícios que poderia obter ao colaborar com a Ucrânia.
Washington denunciou que a Rússia comprou centenas de ‘drones’ no mercado iraniano para utilizar na guerra, embora posteriormente, quer os ‘media’, quer as autoridades ucranianas, tenham detalhado que a maioria das peças com as quais estes tipos de armas foram feitas são de fabrico europeu e norte-americano.
A conversa de “especialistas” referida por Nikolenko ocorre numa altura em que a representação iraniana nas Nações Unidas já solicitou uma reunião com o seu homólogo ucraniano “para avaliar as acusações”.
Segundo fonte desta delegação, citada pela CNN, até agora “foram dados passos importantes” no diálogo entre peritos de ambos os países e continuará a sê-lo para esclarecer “qualquer mal-entendido nesta matéria”.
No início de novembro o chefe da diplomacia do Irão reconheceu pela primeira vez que Teerão forneceu drones a Moscovo, insistindo que a transferência surgiu antes da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Anteriormente, funcionários iranianos tinham negado armar a Rússia para a guerra contra a Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 272.º dia, 6.595 civis mortos e 10.189 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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